Da gringa: A Crisálida

*Da gringa é um novo espaço aqui no blog para falar de obras internacionais. Não tem como falar de Brasil sem citar sua diversidade, então vou trazer, mesmo que pouco, isso pra cá. Que acham?

"Lá estava A Crisálida. Sozinha, numa sala tão escura quanto a meia-noite, era iluminada do alto, como se por um único feixe de luz das estrelas."

Título da obra: A Crisálida
Autor: Heather Terrell
Editora: Suma das Letras (2008; 280 páginas)
Sinopse: "A Crisálida" é o nome de um quadro encomendado à Johannes Miereveld, na Holanda do século XVII, pelo homem mais poderoso do vilarejo onde o pintor vive e trabalha. O pedido feito ao artista foi o de um sóbrio e convencional retrato de família - ele não desconfia que, nos detalhes, o quadro revela a história de um amor proibido.
Três séculos depois, quando o horror nazista se alastra pela Europa, "A Crisálida" pertence a Erich Baum e sua esposa Cornelia. Alvos da máquina de pilhagem de obras de arte do III Reich, e marcados pelas origens judaicas de Erich, eles acabam mortos num campo de concentração.
No presente, em Nova York, Mara Coyne, uma advogada de sucesso, se vê às voltas com o caso que poderá significar sua promoção à condição de sócia da conceituada firma Severin, Oliver & Means. Uma velha senhora tenta impedir que a casa de leilões Beazley's, cliente do escritório, negocie "A Crisálida" por milhões de dólares. Seu nome: Hilda Baum, filha de Erich e Cornelia. Competente e preparada, Mara sabe que o processo pode ser ganho. Mas será que deveria? Ela estaria do lado certo?
O dilema de Mara Coyne entre a ética profissional e a compaixão pelo sofrimento humano; os meandros do trágico destino de Erich e Cornelia Baum; e o segredo por trás do real significado da pintura de Johannes Miereveld são os fios condutores de "A Crisálida", primeiro livro da advogada Heather Terrell, que se inspirou em histórias que viveu e testemunhou para elaborá-lo.

Resenha: Primeiro, preciso registrar minha decepção ao descobrir que Johannes Miereveld é personagem fictício. Fiquei tão encantada com a descrição de seu quadro que procurei pela obra na internet e BUM! ela não existia. Acredito que nunca superarei isso. *drama queen*
O que mais gostei na história foram os capítulos que abordavam tanto a origem quanto os donos de A Crisálida. A história de Johannes e a perseguição contra a igreja católica, religião de sua mãe a qual ele frequentava escondido quando pequeno, que o impedia de registrar quadros com temas religiosos, Erich Baum, colecionador de arte que perde o mesmo quadro, sua obra favorita para os nazistas, até o cotidiano de Mara, advogada de defesa da empresa Beazley's, em posse de A Crisálida. As idas e vindas desse quadro nos faz crer que ele tem uma espécie de maldição por sempre trazer sofrimento para os que se envolvem com ela. Trás paixão, admiração e devoção quase destrutíveis, levando a uma espécie de "pacto demoníaco", como ironizado certa altura do texto.
Mara é uma personagem de aparência frágil mas personalidade forte. Independente do que viva, ela tem seus próprios demônios, mas força e coragem o suficiente para lutar pelo que acredita. Não é uma mocinha dramática ou escandalosa. Ela calcula suas ações e seus próximos passos, trazendo uma maturidade que eu estava sentindo falta de ver nas heroínas dos livros. Ela é humana como qualquer outra e seu papel no livro não é vital; é um complemento ao que vamos descobrindo através dos tempos mostrados, outro ponto que me agradou bastante. 
De desfecho surpreendente e, posso dizer, emocionante, esse livro me impressionou demais, tanto pelas surpresas por trás da criação da obra quanto pela Holanda opressora revelada no passado de Miereveld.

Mais do que recomendado, com certeza!

E você, gostou da indicação? E desse espaço? Conta pra mim! *-*

2 comentários:

  1. Já ouvi menção sobre este livro, mas não me atraiu tanto quanto ler as suas impressões sobre ele, flor. Gostei de saber que há na literatura gringa (haha, adorei o título da coluna) um livro tão perturbador, emocionante e interessante. Eu confesso que não me interesso por esse tipo de contexto, mas darei crédito por ser a opinião de uma blogueira que admiro – e que geralmente SÓ TRAZ COISAS BOAS PARA OS SEUS LEITORES! Haha.
    Já foi para a minha listinha de leitura…
    Beijos, flor!

    http://www.myqueenside.blogspot.com

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    1. Puxa, fico contente em ter despertado sua curiosidade, Fran! *-* Eu me surpreendi com A Crisálida e fico muito feliz em saber que gosta tanto assim das minhas publicações! Muito obrigada!!

      Mil beijos!!

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