Quem conta um conto #4: Minguinho

" - Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer Bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu."

Título da obra: Meu Pé de Laranja Lima
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Editora: Melhoramentos (1968)
Sinopse: Na obra juvenil mais conhecida de José Mauro, a pobreza, a solidão e o desajuste social vistos pelos olhos ingênuos de uma criança de seis anos. Nascido em uma família pobre e numerosa, Zezé é um menino especial, que envolve o leitor ao revelar seus sonhos e desejos, por meio de conversas com o seu pé de laranja lima, encontrando na fantasia a alegria de viver.  

Resenha: "Meu Pé de Laranja Lima" foi uma obra que me marcou profundamente. Talvez seja pelo modo como Zezé descreve sua vida, sua amizade com Minguinho, a única árvore frutífera que lhe restara no quintal de sua casa, ou a idade com que o li. Faz parte de um dos meus maiores amores literários e acho impossível deixar de derramar algumas lágrimas, mesmo que em 2014 faça exatos nove anos que o li pela primeira vez.

   Nascido em uma família pobre, Zezé e os irmãos enfrentam uma realidade muito dura e, embora a criança de apenas seis anos sinta isso na pele, não deixa de ter seus momentos infantis, imaginando, sonhando, criando. Com a desculpa de que o pequeno pé de laranja lima seria perfeito para seu tamanho, o garoto precisa se acostumar com a ideia e com isso engata uma amizade diferente com seu novo amigo, que conversa, dá conselhos, conta piadas e faz a criança se imaginar sobre um belíssimo cavalo toda vez que "monta" em seus galhos. Até mesmo o bater do coração da árvore é possível ouvir.
   Entre idas e vinda muito tocantes, eis que Zezé engata uma amizade muito improvável com o popularmente chamado "Portuga", imigrante português (como o apelido indica) dono de um dos carros mais bonitos e cobiçados para morcegamentos, mania dos garotos de pegarem carona na garupa dos automóveis em movimento.
   A amizade entre ambos é tocante e o português torna-se uma válvula de escape para o menino que, em muitas vezes, é possível perceber, o toma como alguém em quem se espelhar. Um pai.
   No decorrer da narrativa, que é simples, bem como poderia ser uma história contada por uma criança, notamos o amadurecimento do personagem: Minguinho, com o passar do tempo, para de falar. A árvore está crescendo e, emocionalmente, Zezé também. Para mim é o ponto definitivo do que os acontecimentos que ainda cercam o fim - ou o começo de uma emocionante homenagem - desse relato. 
Recomendado infinitamente, empreste, compre, baixe, faça sinal de fumaça (?), pois, uma obra adaptada para teatro, cinema e televisão, além de ser publicado em mais de cinquenta países, tem que ter muito o que contar...

Abaixo, confira o trailer da adaptação mais recente da obra, estrelada por João Guilherme de Ávila como Zezé e José de Abreu como Manoel Valadares (Portuga). Está emocionante! *chorona*



E, para finalizar, eis uma fala do seu Manoel:


"- Que cabecinha imaginosa que tu tens." 

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