O que é O Bode com a Onça?

     Quando criança ouvia diversos contos de parentes do interior. Passei grande parte da minha infância com medo do Saci e até mesmo o vi – talvez sim, talvez não, quem sabe? – correndo, no cafezal. Ouvia o pio da coruja e muitos já diziam que era aviso de morte. Procurei muita botija de ouro enterrada, mas o máximo que encontrei foram tampas de refrigerante do tempo em que o líquido era armazenado em garrafas de vidro. E quem disse que elas não se tornaram meu tesouro?

     O Bode com a Onça é um dos contos que mais marcaram minha infância e, o folclore em geral sempre me encantou. Ao descobrir os livros um mundo de imaginação se abriu e, conforme eu crescia, o imaginário se estendeu. É impressionante como palavras podem nos levar para outros mundos, no entanto, nunca entendi porque meus amigos não apreciavam tanto quanto eu um bom clássico literário, o que pertence à nossa gente, o que construiu nossa cultura.

     Um dono de terras que coloca a vida de seus funcionários em risco apenas para recuperar uma caneta. Um casal de amantes que desconhecem sua ligação sanguínea. Um homem que despreza a cor da própria pele, enquanto um casal homossexual se destrói devido ao rancor e mágoa. Esses enredos citados poderiam pertencer a qualquer livro internacional, devido seu enredo rico em detalhes, drama, profundidade, mas não são. Estão escritos em português, aquele idioma visto por quem o fala banal. O mesmo idioma dito em oito países, o quinto mais difícil de aprender. Então por que tem sido deixado de lado? Por que a cultura impressa em páginas anda sendo tão menosprezada?

    A literatura internacional anda supervalorizada e todos os livros pertencentes à vasta cultura brasileira têm sido deixados cada vez mais de lado. Esse é um convite para redescobrir, criticar e apresentar o que o nosso idioma, a diversidade cultural que o Brasil tem a oferecer. É um convite para quebrar preconceitos e nos dar uma chance de conhecer o que o nosso país tem de melhor.

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