Fato ou passo? Saci-Pererê

Ligado ao nosso folclore, poucos são os seres que não apresentam algo fantástico: ou lhe falta à perna ou a cabeça. Pode ser que seus pés estejam voltados para trás ou que seja como uma serpente que percorre os céus. Cada região tem sua versão da história e muitas vezes, uma história diferente. Seja um pássaro que cultiva a árvore da região ou uma mulher que atrai os homens para o mar – e, vejam só não é uma sereia! – cada uma delas tem sua particularidade e reflexo de onde veio. Para começar, que tal o mascote do blog?

O Saci-Pererê, eternizado nas obras de Monteiro Lobato veio das histórias indígenas do sul do país e, a princípio, ele tinha as duas pernas. Mas como quem conta um conto aumenta um ponto, o menino perdeu uma perna ao lutar capoeira, versão herdada dos africanos e, por parte europeia, ganhou um gorro.
Ao encontrar a história do menino atrevido que azeda leites, queima feijões e some com objetos pessoais, me surpreendi com a variedade de descendências que essa lenda ganhou. Menosprezada por muitos, a história um menino negrinho e nu que pode ser capturado com uma peneira é tida como ridícula se comparada com outras culturas. Não param para pensar que se essa história existe é porque teve grande peso e importância na época, ainda mais por sobreviver tanto tempo e ainda hoje perdurar no imaginário infantil e adulto também. Acham banal ligarem acontecimentos rotineiros a um menino que fuma cachimbo, no entanto, histórias alheias lhe parecem muito mais interessante.
Não tendo a intenção de desvalorizar nenhuma crença ou costume, mas já está passada a hora em que devemos voltar nossos olhos para o que temos aqui, ao alcance das nossas mãos. Quem sabe numa dessas não nos surpreendemos, como eu mesma me surpreendi, com a riqueza de detalhes e interferências culturais que uma simples lenda pode trazer?

E você, o que acha?


(Você pode encontrar mais informações no site do Brasil Escola ou em uma biblioteca próxima.)

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